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Como controlar a ansiedade em cães causada por separação

O cão não ficar bem ao ser separado da pessoa ou da família à qual é apegado é uma das situações mais comuns em clínicas de comportamento animal. Alguns latem sem parar quando estão longe da companhia dos donos.

Como animal que vive em grupo, o cão forma ligações. É normal, portanto, que sinta ansiedade quando está separado de quem tem vínculo. Mas não a ponto de passar por alterações comportamentais como latir de forma exagerada ou a destruir coisas a sua volta apresentada por alguns cães.

O comportamento exacerbado muitas vezes é estimulado pelos próprios donos do animal. Fazer o cão ficar próximo o tempo todo e saudá-lo efusivamente ao sair de casa e ao voltar são atitudes que podem agravar o apego excessivo e ansiedade por separação.

Outra possibilidade é a associação entre “ficar sozinho” e um trauma sofrido por trovão, maus-tratos ou outro motivo, enquanto o cão estava sozinho na casa. A ausência prolongada de uma pessoa querida, como acontece em casos de divórcio, morte ou saída de casa do filho que cresceu também pode causar ansiedade por separação. E por aí vai. Até mesmo a chegada de um novo membro à família, o retorno às aulas depois de várias semanas de férias ou de uma estadia traumática ou prolongada fora de casa têm potencial para provocar o problema.

Não é tédio

Ansiedade por separação não é o mesmo que tédio e frustração por ficar sozinho. Na síndrome da ansiedade por separação, as atitudes do cão estão relacionadas com sofrimento psicológico; já em caso de tédio há apenas necessidade de ocupar melhor o tempo.

As duas situações produzem alguns sintomas semelhantes, como latidos excessivos e destrutividade. Mas a ansiedade por separação produz também sinais específicos como arranhar e destruir portas e janelas (tentativa de escapar), destruir objetos, muitas vezes relacionados com os donos (já que a ansiedade decorre da ausência deles), diarreia e vômito, falta de apetite, salivação excessiva, respiração ofegante e taquicardia. Uma soma de sintomas decorre da ansiedade por separação, inclusive evacuar fora do lugar, mas esse comportamento pode também ter relação com aprendizado incompleto do uso do banheiro.

Uma técnica que evidencia bem se o caso é de ansiedade por separação ou de tédio é gravação do que o cão faz enquanto está sozinho em casa. Os sintomas de ansiedade visíveis em um vídeo são inquietação e perambulação frequente sem relaxar, respirar ofegante e sinais de estresse como se lamber, bocejar e erguer uma pata para fora de contexto. Já os de tédio são descansar bastante, eventualmente se levantar, destruir algo e voltar a descansar.

Mal reversivo

É possível reverter os casos de ansiedade por separação. As sessões educativas são realizadas diariamente, com o objetivo de acostumar o cão a permanecer calmo na medida em que os donos se afastam dele.

Durante o período de treinamento, que pode demorar até um ano. O cão é deixado sozinho, na cama dele, com algo que goste de comer, e com liberdade para sair quando quiser. Participam ambos os donos ou um só, simulando situações, indo em direção à porta, sem sair. Quando o cão deixar de seguir, o treino passa a ser feito com o casal saindo de casa. Pode-se fechar a porta e retornar antes que ele comesse a latir. No começo, o retorno acontece alguns segundos depois de deixa-lo só, e, aos poucos, o intervalo de tempo aumenta para minutos e depois horas. A chegada do dono deve ser sempre neutra, sem qualquer premiação, para o evento não ganhar importância excessiva. O método não usa punições para não agravar a ansiedade do animal e o sofrimento dele.

Possível recaída

Há risco de a síndrome da ansiedade por separação voltar a se manifestar depois de controlada. O retorno pode acontecer a partir de uma mudança importante de rotina, principalmente em decorrência de algum evento traumático ou pela ausência prolongada do dono, por motivos como divórcio ou falecimento, e até pela morte de um cão de casa. O surgimento de doença neurológica como a síndrome de disfunção cognitiva, semelhante ao Alzheimer humano, também pode provocar recaída, já que a presença desse mal é capaz de trazer à tona antigos problemas comportamentais.

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