A auto mutilação é comum em aves caseiras, saiba como proceder
Limpar as penas uma por uma, diariamente, é um hábito natural das aves. Mas, se o comportamento for repetitivo demais, com frequência e intensidade maiores que as típicas da espécie, deixa de ser normal. Nesse caso, é bem provável que esteja ocorrendo falha de manejo, o que torna necessário identificar a causa bem como providenciar correção.
Nos zoológicos, quando há animais em jaulas pequenas demais, é comum vê-los andar insistentemente de um lado para o outro ou balançar a cabeça sem parar, por exemplo. São os chamados comportamentos estereotipados, movimentos repetitivos associados ao transtorno obsessivo compulsivo (TOC). Eles podem aparecer em qualquer idade, geralmente ligados a um evento traumático ocorrido com o animal ou alguma condição filosófica ou ambiental inadequada.
Entre essas manifestações, estão aquelas chamadas de autodestrutivas, pelo potencial que têm para causar lesões corporais. É o caso da limpeza das penas feitas em excesso e, em geral, com mais força aplicada no bico que o normal. A ave envolvida acaba desenvolvendo predileção por retirar as penas e, com isso, obtém alívio momentâneo. O sentimento se assemelha ao das pessoas que roem as unhas. Por mais que o comportamento seja controlado, as recaídas são muito comuns em momentos de estresse, como ao ver um filme de suspense ou ao passar por uma frustração emocional.
Papagaios e araras frequentemente apresentam comportamento autodestrutivo em cativeiro, exibido de diversas maneiras. Podem tirar suas próprias penas arrancando o bulbo, o que danifica o crescimento da nova plumagem. Ou então, cortar as penas deixando a aparência danificada e a plumagem nitidamente desarrumada até a próxima estação de muda. Há, ainda, o bullying, que consiste em arrancar penas dos parceiros de viveiro. Em casos mais graves, as aves chegam a se ferir com o bico, tirando pedaços de pele, muitas vezes com sangramento, ou arrancando unhas e pedaços dos próprios dedos.
Diversos motivos
Apesar de a literatura leiga insistir que a única causa dos comportamentos repetitivos é o tédio do cativeiro, hoje sabemos que esse pensamento é um mito. Com certeza, o tédio e a falta de estímulos mentais contribuem para a instalação do quadro. Mas o desvio comportamental pode ser deflagrado também por fatores de ordem ambiental e fisiológica.
Diante das múltiplas possibilidades, a melhor opção para tratar uma ave que arrancar penas é começar pela averiguação e eventuais causas ambientais e fisiológicas. O trabalho deve contar com a participação de um veterinário especializado em aves trabalhando em conjunto com um especialista em comportamento de animais silvestres. Juntos, eles averiguarão se a ave está com alergia de pele, se há parasitas na parte externa do corpo (ectoparasitas) ou interna (endoparasitas), se não está sendo contaminada por metais pesados ou por produtos químicos em contato com a pele ou com as vias respiratórias (por aerossóis, por exemplo), se não está passando por mudanças hormonais e se não está com falta ou excesso de vitaminas. Se uma ou mais dessas hipóteses se confirmar, deverá ser iniciado tratamento. Somente depois de excluída toda e qualquer causa de tipo ambiental ou fisiológica, a dupla de profissionais poderá dar diagnóstico de doença comportamental e delinear um tratamento com esse enfoque.
É bom salientar que comportamentos obsessivos comprometem o bem-estar das aves, o qual só poderá ser recuperado com tratamento da causa do problema. Não basta, portanto interromper o comportamento com uso de artifícios como passar spray com gosto ruim nas penas colocar um colar elisabetano no pescoço da ave, soluções sugeridas por alguns sites e experts. Trabalhei com varias aves que arrancavam penas, sempre tendo ao meu lado um veterinário. Para restabelecer a integridade física delas, associamos o tratamento comportamental com os remédios necessários. Por exemplo, para tratar uma ave que manifesta comportamento autodestrutivo há muitos anos, além da oferta de uma rotina mais saudável, com exercícios físicos, banhos, brinquedos, brincadeiras e contato social positivo com a família humana, é receitado o uso de psicopáticos.
Um lar feliz
Se a sua ave arranca penas, procure profissionais que possam auxiliar a restabelecer uma rotina saudável para ela, na qual você também estará envolvido. Lembre-se que um animal feliz em casa nos deixa felizes, ao contrário do desconforto e da tristeza que dá vê-lo abatido e com problemas. A felicidade, o bem-estar e a tranquilidade dos nossos animais de estimação depende somente de nós.
12 respostas em “Aves: o que fazer em caso de automutilação”
Li o artigo mais que uma vez. Seu conhecimento sobre comportamento me surpreendeu pela coerência de suas colocações. Tenho um agapornis que esta com três anos, quando o comprei ainda estava se alimentando no bico. De seis meses para cá começou a se multilar . Quando estou em casa ele fica o tempo todo em meu ombro, regojitando em minha boca. Ele voa por todo apto e mora com mais dois agapornis e quatro calopsitas e só vão para um viveiro montado que é enorme, na hora de dormir. Já o levei num veterinário de aves que pediu alguns exames, que não apontaram nada, concluindo que é comportamental. O que mais apreciei em seu artigo, é que aponta a importância em se descobrir a etiologia, e não se deter apenas no sintoma, que é exatamente o que penso e faço em minha área. Somente queria sugerir, que colocasse o nome de profissionais com esse conhecimento que poderíamos consultar. Do mais PARABÉNS pela clareza de sua descrição.
Bom dia! Muito obrigado por seu comentário em nosso blog. Continue conosco! Um abraço.
Oi, Sônia! Tudo bem? Estou passando pela mesma situação. Como está o seu bebê? // Luciana
Estou passando pela a mesma situação. Já levei em veterinário…mas não é especialista em aves mesmo prq na minha cidade não tem. Gostaria muito de poder resolver o problema do meu agapornis.
Bom dia!
Meu agapornis esta se mutilando e está bem machucado, ele vive solto com sua fêmea, mas isso começou depois de nascer seu bebê, o veterinário receitou uma pomada (epitezan)mas não resolveu, você pode me ajudar por favor .
Bom dia!
Você verificou como ele está se machucando? Se não é a fêmea que está com senso de proteção ao filhote. O ideal é separá-lo de espaço e fazer o tratamento com a pomada, caso não resolva, consulte o médico veterinário de sua preferência. ocê é de São Luís? Temos um excelente vet que consulta pássaros, Dr. Greysson, na Terra Zoo Centro, na rua Caminho da Boiada, de segunda a sexta, das 8 às 18h e aos sábados das 8 às 12h.
Um abraço!
SOU DE CASA BRANCA INTERIOR DE SAO PAULO
NAO SEI O QUE FAZER JA FIS DE TUDO PRA MIMHA MARITACA ELA ESTA COM 15 PRA 16 ANOS. COMEÇOU ARRANCANDO PENAS AGORA ESTA SE MUTILANDO AQUI NAO TEM QUEM ENTENDA DE PASSAROS SILVESTRES.O QUE EU PODERIA FAZER DE IMEDIATO PRA SALVAR ELA POR FAVOR OBGDO.JOSE LUIZ.
Boa tarde! Sentimos muito por sua ave. entre em contato com nosso biólogo, Ewerton, via email: ewerton@terrazoo.com.br, veja o que ele pode lhe ajudar. Esperamos que ela fique bem. <3
Tenho uma caturrita nessa situação, há uma semana quando a ponho para dormir, ela começa a se mutilar mordendo suas unhas. Já arrancou 3… Durante o dia fica super tranquila e tem liberdade de andar pela casa.
Tenho ela há 8 anos já e nunca ocorreu antes. Se tiverem dicas do que pode ajudar…
Minha agapornia está se mutilando estou passando pomada mais tem uns buracos no pescoço o que fazer a mais já levei no veterinário
Bom dia! Tenho uma arara com 42 anos de idade. Atualmente ele adquiriu o hábito de arrancar as penas. Seria possível um contato por e-mail, uma vez que moro no interior de São Paulo. Obrigado e aguardo sua resposta.
Olá, tudo bem?
Entre em contato pelo contatos@terrazoo.com.br ou direto com nosso biólogo ewerton@terrazoo.com.br. Um abraço!